Olga

Depois da foda, bem dada no banheiro de cima, foi no debaixo. Urinou e saiu. Olhou pros lados, procurou, não viu e parou de procurar. Só lembra da roupa azul e da bunda branca. O rosto, sem nome, quase bonito, sorriu na hora. Beijaram de língua e subiram. Tirou o pau da cueca, mirou e enfiou. Com velocidade e intensidade variadas, aproveitou despreocupado até baterem na porta. Trocaram de posição. Usou o ombro pra ninguém entrar e manteve a boca perto do ouvido. Na arrancada final, rumo à ejaculação, pediu o que gosta. Terminou e abotoou a bermuda. Incomodado com as pessoas lá fora, que insistiam, gritou de volta enquanto Olga levantava as calças. Desceram juntos.

Mesmice

Comparada às outras, fica no meio termo. Não tem graça. Não cheira bem nem mal. A cor, ausente, combina com o gosto de nada. Não causa impacto. É ignorada porque não faz diferença. Não tem vontade e não responde. Não diz o que vê. Não se incomoda, respira sem querer. A cada dia, se adapta. Não reclama. Não chora. Não ri. Bota qualquer roupa, sem maquiagem. Não tem sal. O açúcar, deixa guardado. Dorme e acorda. Sem alegria e sem tristeza. Sem variação de sensações, escapa da mesmice.

Fraco

No geral, achou fraco. Acompanhou a história com medo de não entender. Voltou uns pedaços, concentrou e pensou. Preso ao intelecto que possui, acabou perdido. As coadjuvantes, pouco famosas, mediam forças pra chamar atenção do protagonista. Seria fácil melhorar. Botaria atores de qualidade, faria ajustes nos diálogos e alterações no roteiro. Procurou pelos comentários de quem já viu. Um dos críticos, filho único, elogia a produção.

Haroldo

Haroldo queria coisa boa de verdade. Nada mais ou menos. Esqueceu o que tinha e partiu pra outra história. Do zero, sem reaproveitamento de frases. Manteve a calma e a confiança. Se quisesse, podia apelar. Os primeiros dias passaram, os do meio também e, quase no final, surgiu um começo decente. A raposa fica na espreita e é cautelosa. Tá na cara. Quando escreve, fica claro, ninguém pergunta. Brilha entre as infinitas possibilidades e gera contentamento. No capítulo sobre as aves, usou a foto do gavião-pato.