Almoço

Engravidou no fim de semana. Foda bem dada, gozada dentro e travesseiro. Dormiram e acordaram. De tarde, tomaram café. Exaltaram a véspera. Mais beijos, abraços e despedida. Já tinham o contato um do outro. Meses depois, almoço. Conversa que virou discussão que virou agressão. Nenhum soco. Nenhum chute. Um chope, gelado, na cabeça de Arnaldo. Nenhum acordo.

Pressa

Numa conversa, escuta sem querer. Não ouve. Não importa. Passa por cima e, com pressa, afirma. Repete. Interrompe questões, réplicas e comentários. Quer contar. Explicar. Criticar, reclamar e brigar. Não quer saber. Quer que pare. Que cale. Que, convencido, concorde.

Serviço

Ultravioleta, atingiu Denise. Mais de um. Barriga, pescoço e braço. Perna e bunda. Vários. Insensíveis. A pele sensível, exposta, foi castigada. Vinham aos montes. Miravam. Vibravam com a ausência da camada de proteção. Foram tantos e tão certeiros que, naquela hora, terminaram o serviço. Sintomas clássicos. Desespero. No primeiro impacto, quando viu o rosto pra ajeitar o cabelo, saiu do sol. Tarde.

Príncipe

Acha a lua feia. Pôr do sol. Cachoeira, jardim e borboleta. Príncipe e princesa. Não quer abraço. Nem beijo nem cafuné. Nada de festa. Passeio no parque. Aponta pros lados, pra trás e pra frente. Não gosta da mãe. Não gosta do pai. Ninguém. Considera o sorriso, besteira. Critica a onda, a areia e o mar. Música. Estrela e nuvem. Teatro e flor. Condena a chuva e o frio. Literatura. Calor. Reclama do cachorro. Do peixe, do pato e do resto. Do desenho. Da dança. Não gosta da vida. Nem da morte.