Humano

O personagem engraçado já nasceu pronto. Com cor de pele, personalidade e história. No dia seguinte à depressão que teve, provocada pelo medo, demonstrou confiança. Acordou bem-disposto e empolgado pelas possibilidades em aberto. Saiu convencido de que tava tudo bem. Comparado ao humano que serviu de exemplo, parece muito. Numa das falas, diz: Deus é o caralho. É um filho da puta. Doente, maldito. Fudeu minha vida. Abusa dos palavrões. É que a figura mística, na qual botava fé, vacilou feio. Não admira mais. Critica. O motivo da revolta, mantido em sigilo no início, é revelado no decorrer da narrativa.

Roupa

A vida é bela por conta da morte. Opinião do personagem. Saiu como se tivesse falado alguma coisa. Só pensou. A existência, absurda, judia da religião. Filosofia representada. Interpretada pela platéia. A figura dramática passou longe do paraíso. No inferno, a oferta é zero. Não há atrativos. Guilherme, se pudesse, trocaria de roupa. Falta alento. Ao ambiente ruim, composto por nada que preste, volta ofegante porque é a reação esperada. Pára pra descansar. Tem alguém que chega, espera um pouco e puxa o diálogo que ensaiaram. Na cena, concebida pelo autor, o protagonista lamenta.

Saliva

Dentre as carnes, prefere língua. O discurso de defesa, pronto, justifica a escolha por dois aspectos: maciez e sabor. Supera o filet mignon. Também sobrepuja picanha e maminha com facilidade. Acha que a impopularidade do corte, flagrante, deve-se à procedência. Situado na boca do boi ou da vaca, o órgão convive diariamente com a saliva do animal. Tem gente que tem nojo. Leila não. Aprecia a receita que leva molho de tomate, purê e arroz branco. Quando apresentou a iguaria pra Leandro, pediram pratos idênticos. O rapaz, chato pra comer, não gostou. A moça percebeu pela expressão facial. Questionado, respondeu o contrário da verdade.

Kit

O psiquiatra, em sã consciência, receitou psicotrópicos. Ácido, heroína, maconha, cogumelo, cocaína e bala. O paciente tem problemas. Vítima de transtornos, precisa se tratar. Começou pelo pó, pra combater o cansaço e a baixa-estima. Depois fumou a erva. Obediente ao doutor, que deu a dica, também comprou frutas. Chupou laranja de manhã. Quando botou o doce pra dentro, ficou tranquilo. A heroína, injetada, fez efeito. Preparou chá com os cogumelos e engoliu a bala. Voltou ao consultório na data certa. Chegou entorpecido, explicou a situação e, examinado, recebeu um kit novo.