Teia

Pisou na barata e, de cócoras, varreu pra pazinha. Estapeou o mosquito. Nas formigas, chinelo. Chacina. Na aranha, na teia do teto, passou o rodo. Deu descarga no gongolo. Protege animais, mas não todos. Envenena ratos. Trucida bichos que considera nojentos. Que dão medo. Minhoca, corta no meio. Coelho não.

Arranjo

No shopping, vê as plantas. Comenta. Orquídeas na renda portuguesa. Amarela, azul e rosa. Pra namorada, tem arranjo. Flores na folha de plástico. Lojas, em segundo plano, à esquerda e à direita. Perto da escada, uma que não conhecia. Pediu informação. Aprendeu, anotou e agradeceu. Avenca no corredor. Deu tchau pra violeta e, feliz, foi embora sem comprar nada.

Estrela

Tem sonhado muito. Todo dia. De manhã então, entre sonecas, profusão. Têm inéditos, recentes e antigos. Tem um que é de praxe. Não a história, a protagonista. Aparece sempre. Estrela máxima dos conjuntos disparatados de imagens, ainda existe depois que acorda. Sente falta. Tenta dormir mais.

Ápice

Chegaram cedo no motel. Ligaram o ar e o rádio. Tiraram a roupa um do outro, passaram pelas preliminares e atingiram o ápice. Os dois. Ficaram abraçados. Conversaram, dormiram e acordaram rápido. Muitos beijos. Lambidas. Tudo de novo. Desta vez, saíram da cama. Fizeram em pé. Se olharam no espelho, usaram produtos adquiridos no sex shop e, depois de incontáveis idas e vindas, alcançaram o topo. Tinham tempo. Passado algum, mais uma. Dentro d'água. Demorada. Profundamente apaixonados, vidrados, viveram fantasias. Estavam no auge.