Oferta

Pro coração, tá claro. É o cérebro que atrapalha. Faz conta, projeta e explica. Reprime o instinto. De acordo com o vermelho que bombeia, não tem o que pensar. Basta recusar a oferta. Ficaria feliz, orgulhoso e daria um jeito. Os miolos divergem. Consideram a atitude intempestiva e inapropriada. Dizem que, apesar de nociva a curto prazo, a aceitação dos termos é redentora a longo. Deu ouvido pros dois. Convencido por indícios pró-negativa, pendeu pro lado do alojado no peito. Coincidências animadoras pareciam escancarar o caminho certo. O intelecto, na dele, teve calma. Esperou a euforia passar. Condenou a supervalorização do acaso, levantou questões e recomendou juízo. Lavou as mãos. Na esperança de desempatar, consultou os demais componentes do organismo. Silêncio. Pele e ossos retraídos. Intestino quieto, bexiga calada e baço mudo.

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