Arame

Tinha esquecido como era. Energizado, tranquilo. Tomou banho sem calça e descalço. Agora, sentado num banco vermelho, ouve o impacto da chuva no telhado de alumínio. Olha pro pedaço disponível do céu. Lâmpada vermelha, não pertencente a um prostíbulo, acesa num terraço. Nuvens camufladas num quase breu. Pelo vão comprido, achatado e ocupado por elipses de arame farpado, vê aparelhos de ar condicionado. Escuta pingos espaçados. Cadência calma. De olho fechado, parece até beira de rio. Correnteza que passa pelo cano de PVC.

4 comentários:

  1. Parece aqueles momentos de introspecção! Show!

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  2. Parar e aproveitar o momento é algo incrível, que afaga a alma e acalma o coração. Belo texto!

    Um abraço,
    Gutoooooo

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