Parede

A cabeça do galo, menor que a da média, cabia no buraco da parede. Descobriu no dia que tentou. Viu que, do outro lado, galinhas ciscavam. Nunca tinha visto. Naquela fazenda era assim. Pra que procriassem, botavam vendas em ambos. Tinham dificuldade pra acertar. Gostou dos corpos femininos e focava nas diferenças. Passou a botar, todo dia, a cabeça no buraco. Viu os ovos e ficou confuso. Depois viu os pintos. Vários. Alguns mamavam e outros não. Nunca entendeu. As penosas, no susto, descobriram o observador. Foi Margarete que percebeu. Contou pras outras. Cacarejavam sobre o diâmetro diminuto daquela caixa craniana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário