Couro

Quando, no relógio de Adalberto, o ponteiro maior enfrentou o menor, parou o tempo. Ficou surpreso. Mal orientado pelo mostrador, passou a vida sem cogitar a possibilidade. Até que, num instante, perdeu a paciência e mudou de rumo. Caminhou na direção contrária. Viu a mobília e acessórios estáticos. O cachorro latiu e as pessoas, que antes papeavam, continuaram. Não entendeu porque achou que virariam estátuas. Não é bem assim. Fazia força. As horas, de tão nervosas, tentavam atropelar os segundos. Permaneceu firme. Forte, resistiu por um período que, naquele momento, era incontável. Até a intervenção da pulseira. Reuniu os dois, explicou e mandou refletirem. Disse que os meses, anos e séculos deixariam de passar. Citou semanas e quinzenas. De acordo com a correia de couro, seria presente pra sempre. Pensaram no assunto. Brigaram, calcularam e decidiram. Àquela altura, em que ninguém esperava por nada, fizeram as pazes.

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