Boneca

Falou de amor pra impressionar. Citou Rafael, amigo de infância. De quando viviam juntos, brincavam e comiam frutas. Nenhum beijo na boca. No máximo, carinho ingênuo e abraços. No aniversário dela, de onze anos, encheu um saco com bolinha de gude. Entregou entusiasmado e estranhou a reação. Distraída pelos convidados, deixou de lado, perto dos outros. Pegou um papel e escreveu um bilhete. Maria leu, gostou e agradeceu. Disse que, assim que fossem embora, daria atenção. Foi bom porque o menino relaxou. No fim da festa, trocaram a sala pelo quintal. Lembraram dos presentes e de quem tinha dado. Roupa da tia e boneca do pai. Brincos da avó. Jogaram búlica, mata mata e triângulo. Quando deu a hora, tarde da noite, prometeu que voltaria. De manhã cedo.

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