Caldo

Os camarões mortos, dentro da empada, receberam elogios. Nadavam no mar calmo de uma praia deserta. Tinham a mesma idade, tamanho e cor. Não eram irmãos. Resultados de diferentes cópulas, nasceram próximos e fizeram amizade. Brincavam de dar caldo quando puxaram a tarrafa. Tinham nomes completos. Os pais de ambos, bem-humorados, escolheram a dedo. Ouviam frases contraditórias. Uma pedia paciência e a outra não. Dizia que era pra ontem, que a vida era curta e que podiam morrer amanhã. Foram juntos pra costa desconhecida. De mãos dadas, atravessaram a corrente. Curtiram e voltaram. Foram pegos de surpresa numa tarde da estação em andamento. Fervidos, descascados e introduzidos na massa. Tinha frango na coxa, carne no pastel e linguiça no pão. Salada de alface.

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