Garganta

Gastou tanto que não sobrou nada. Nem um pingo. Virou, chacoalhou e, assustado, reconheceu. Acabou mesmo. Ficou mal. Sentiu dores no peito e nós na garganta. Olhou de novo. Lembrou dela inteirinha, à mão. Deixou que secasse. Sente falta. Não acreditou que o uso e abuso seriam capazes de extinguir o conteúdo. Corroía. Dias mais, dias menos, metia a mão por dentro. Arrancava e arranhava. Queria ter sido avisado. Que, próximo ao esgotamento, tivessem acendido a luz. Ficaria claro que cairia em desgraça. Que chegaria ao fim.

3 comentários:

  1. Muito, muito bom!! Texto que mexe com a gente!

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  2. É a mais pura realidade. Quem nunca?
    O início do fim, como o primeiro respiro.

    Um abraço,
    Gutoooooo

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