Chave

Abriu um sabonete novo. O último. O velho, gasto, deixou na pia pra lavar a mão. Tava fino demais. Ficou triste. Achou que seria peça chave de mais banhos. Final melancólico. Pega, esfrega e pronto. Não passa onde passava. Queria morrer. Numa noite, de repente, voltou pro box. Colado no substituto. Grudados pra ganhar corpo, ensaboaram barriga, pernas e axilas. Retomou o gosto pela vida. Viraram um só. Às vésperas do desaparecimento definitivo, deteriorados, aproveitaram ao máximo. Escorriam juntos, felizes pelo ralo.

2 comentários:

  1. Chave que abre uma porta a uma interessante analogia...
    muito bom!

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  2. Chave que abre uma porta a uma interessante analogia...
    muito bom!

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